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Caminho Livre para a inclusão do Deficiente Visual

 

Guia Turístico-ceguístico: Tire a bengala da mala e vá ao Mercadão

Publicado em 20/11/2010 por Rosaura Louzzano em Turismo Adaptado com 7 comentários

Lugares nunca vistos, esse é o título do texto anterior desta área, e agora, ele me parece muito oportuno, para ilustrar essa matéria, afinal, muitos de nós, não saem de casa, e o motivo é o desconhecimento e o medo. Desconhecimento de onde ficam, o que têm, e o que fazer. E o medo, fica por conta também da localização, como chegar e se há acessibilidade.

Por essa razão e para fazer jus ao nosso novo site, resolvi falar de espaços turísticos, que de um modo geral, são muito procurados pelas pessoas. Farei descrições, e contarei particularidades de cada espaço, para que possam ter uma ideia de cada lugar.

A intenção é abrir uma janela para que deficientes visuais, saiam e conheçam lugares que todo mundo, inclusive turistas estrangeiros fazem questão de visitar. Então, baseados nos critérios abaixo:

  • Espaço ( histórico )
  • Localização
  • Como chegar?
  • O que "ver" e fazer?
  • Acessibilidade
  • Opinião de visitantes
  • Nota (bengalas) de 1 a 5

 

Juntos, RicardoDe Melo, Irene De Barros Pereira e eu, fizemos uma visita ao Mercado Municipal de São Paulo, que é sem dúvida, um dos pontos turísticos mais visitados da cidade e juntos faremos uma valiação para que você, deficiente visual, possa prestigiar esse belíssimo espaço.

Confira em nosso álbum, fotos com descrição e ampliação desse passeio.

Histórico

Projeto feito pelo Escritório de Ramos de Azevedo. Construído entre os anos de 1926 a 1932, ao lado do rio Tamanduateí. Inaugurado em 25 de janeiro de 1933, numa área de 12.600m², quando São Paulo contava com uma população de um milhão de habitantes.

Pela qualidade dos produtos, pela variedade e pelos preços, o mercado teve aceitação imediata dos paulistanos. Também o que ainda chama muito a atenção de quem o visita, ou vai até lá para comprar seus produtos, é a arquitetura imponente. Seus vitrais fabulosos, encantam a todos que o visitam, além disso, o lugar é imenso e com paredes muito altas, dando ao mercado a exata noção de sua proposta de abundância.

Curiosidades do lugar:

Nele, circulam cerca de 1.600 funcionários, são movimentados cerca de 350 toneladas de alimentos por dia, em cerca de 291 boxes. Além disso, diariamente, passam pelo mercadão, como é popularmente conhecido, aproximadamente 14.000 visitantes, entre eles, turistas, moradores da cidade, inclusive proprietários de restaurantes.Isso se dá pelo fato de que o Mercadão é o mais tradicional ponto gourmet da cidade de São Paulo.

Localização e como chegar?

Localizado bem no centro da cidade, o jeito mais simples de se chegar é pelo metrô e descer na Estação São Bento, ele fica na Rua da Cantareira, 306, Parque Dom Pedro II. O telefone é 3316-1326 e o email é .

O que "ver" e fazer?

O que mais chama a atenção de quem o visita, é a variedade de cheiros, cores e pra quem experimentar, sabores deliciosos. Lá, há uma infinidade de frutas exóticas, produtos de mercearias, como as famosas mortadelas, bacalhaus, temperos, doces e salgados dos mais variados.

No mezanino, pode-se comer os famosos pastéis de bacalhau e lanches, inclusive de outras nacionalidades. Além de visitar um lugar interessante pela sua história, há toda essa diversidade gastronômica que satisfaz todos os gostos.

Acessibilidade

Quanto a acessibilidade, o percurso do metrô até o mercado, é muito ruim, em todos os aspectos. Dentro do mercado, os deficientes visuais não precisam perder tempo procurando por piso tátil, pois não existe, por outro lado, tem elevador e escada rolante, mas, uma vez lá dentro, se você tiver atitude, a acessiblidade atitudinal é impecável.

Opiniões de visitantes

Agora, vou relatar as opiniões dos meus ?acompanhados?.

Ricardo de Melo: Assim que sair do metrô você vai dar de cara com essa rua, que literalmente, é uma ladeira. Tome cuidado para não tropeçar na bengala e sair rolando ladeira Porto Geral abaixo. Isso não seria de todo ruim, já que andar pelas ruas que antecedem o nosso alvo não é lá essas coisas. Pessoas (e bota pessoas nisso), lixo, camelôs, barulho e uma infinidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo.

Devido a esse mar de acontecimentos, aguce muito seus sentidos. Você vai precisar deles! No caminho até o mercado, que é basicamente descer a ladeira Porto Geral, o que mais chama a atenção é a variedade de cheiros, passando pelos cheiros ruins, os péssimos, os insuportáveis, os ?Que que éisso!? e por fim ?Meu Deus, me tirem daqui!?.

Além da variedade de cheiros, percebe-se lixo por toda a parte. E isso prejudica a experiência como um todo. A medida em que você for se aproximando do Mercadão, esses problemas vão diminuindo e ao efetivamente entrar no mercado, percebe-se uma mudança drástica, tanto visual quanto sensorial.

Minha nota para o espaço é de 3,5 bengalas. Vale muito a pena visitar!

Irene de Barros: Faço minhas as palavras do Ricardo, e acrescento que infelizmente não há cardápio em braille e o contraste e tamanho que existe, não é pensado nos deficientes com baixa visão. Eles são assim por uma questão de estética. Mas tenho de admitir que a acessibilidade atitudinal é encontrada nos boxes, assim como nas lanchonetes, pelo menos onde estivemos.

Minha nota: 3 bengalas, acho que deveriam pelo menos, colocar piso tátil e cardápios em braille, pra se compensar o percurso do metrô até lá.

Considerações Finais

Serei repetitiva, mas penso que isso se faz necessário. As ruas ao redor dificultam muito a nossa passagem, a começar pela Ladeira Porto Geral, que como já foi dito, está com as calçadas tomadas por ambulantes, sujeira e pessoas que ainda não sabem como "lidar" com os deficientes.

Quanto ao Mercadão, não posso dizer que é um lugar acessível, pois há lixeiras e mesas dos bares e restaurantes pelos corredores. Por tudo isso, você deve se perguntar: por quê visitar o Mercadão?

Porque, além da arquitetura, da gastronomia e do bom atendimento é necessário um acompanhante ou melhor, um guia que tenha conhecimento do histórico do Mercado, dos locais de cada gênero alimentício, para que nós deficientes visuais possamos desfrutar desse espaço turístico, de uma forma mais prazerosa.

Sendo assim, acho importante nossa presença em lugares não tão acessíveis, pois só assim, a sociedade e o poder público se mobilizarão no sentido de modificar atitudes e mobiliários urbanos.


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7 Comentários

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Irene de Barros' disse em:

21/11/2010 - 18:46:12

Essa matéria ficou muito boa, tanto que apesar de todas as dificuldades, não vejo a hora de voltarmos ao Mercadão. Isso, só foi possível porque vocês, Rosaura e Ricardo, se dispuseram a fazer esse trabalho. Meus parabéns. Já estou curiosa para saber o que vem por aí.
Beijos e muita força para continuarem o que estão fazendo.


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rosaura louzzano disse em:

22/11/2010 - 14:05:16

Irene, em primeiro lugar obrigada pela sua colaboração, mas fique ciente que sua participação em outroas pontos turísticos será de suma importância, seus comentários e sua sensibilidade em dedectar elementos fundamentais na área de acessibilidade acrescentarão nos próximos textos um olhar preocupado e atento na nossa inclusão


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Renato Tadeu Barbato disse em:

25/11/2010 - 12:01:58

Parabéns pelo belo trabalho elaborado e executado por vocês.
Penso ser muito bom que sejam passadas informações a respeito de lugares pitorescos de nossa metrópole e nada melhor do que começar pelo mercadão.
Conheço o espaço desde os meus quatro anos de idade porque morei ao lado dele, na antiga Rua Pagé, hoje Comendador Afonso Kerlakian ainda na época que ele era o principal entreposto de abastecimento de nossa cidade, não existia o CEAGESP, que foi criado como CEASA.
Sempre foi um local de muito movimento esta região de nossa cidade.
Ao lado na Av. Senador Queiróz havia a Bolsa de cereais, hoje um edifício quase totalmente abandonado.
O mercadão como foi dito na matéria foi projetado pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, talvez o maior arquiteto paulistano do início do sécuklo passado, tendo outros grandes projetos espalhados por Sampa.
A Ladeira Porto Geral, que tem este nome porque antes da retificação do rio Tamanduateí, ao pé dela, abrigava o Porto Geral da Cidade de São Paulo, por onde entrava e saia produtos para o interior e região do ABC, através do transporte pluvial.
Este passeio de vocês me fez adentrar pelo tema da história urbanística e arquitetônica de nossa cidade, poderia falar muito mais desta região da capital paulista, mas creio que este não é o intuito da matéria, então paro por aqui.
E novamente parabéns por apresentar este espaço gastronômico e turístico de nossa cidade.
Um grande abraço.
PAZ E LUZ.


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Renato Tadeu Barbato disse em:

29/11/2010 - 10:57:41

Olá pessoal.
Esqueci de informar.
Na próxima ida ao mercadão, não se esqueçam de mim.
Quero me deliciar com as guloseimas oferecidas por este belo espaço gourmet.


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Rosaura Louzzano disse em:

29/11/2010 - 13:32:02

Renato, muito obrigada pelos parabéns .
Esta nova proposta de visitas em pontos túriscos na cidade de São Paulo será nossa meta para o ano de 2011,informaremos aos usuárioas do nosso site lugares pitorescos e muitas vezes não conhecidos
Quanto a sua ida com certeza já é nosso convidado
Beijos Rosaura


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Alessandra Leles disse em:

13/12/2010 - 12:39:56

Com esta matéria, pude aprender o quê é Acessibilidade Atitudinal. Ao pensarmos em acessibilidade na maioria das vezes algumas pessoas como eu, pensam no espaço físico e no trajeto, sem percebermos que estamos falando sobre pessoas. É importante que o deficiente saia, se exponha, viva! Mas é igualmente importante ter atitude para solicitar como para oferecer o auxílio ao deficiente. Atitude é coragem é de disso que precisamos para enfrentar os obstátulos da vida!


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Irene de Barros disse em:

15/12/2010 - 23:45:23

Olá, pessoal

Primeiro, Rosaura, é sempre um prazer estar na sua companhia, principalmente fazendo os passeios que fazemos. Quanto aos elogios que faz..., bem, eu tenho orientações muito relevantes e você sabe de quem são.

Quanto a irmos a outros pontos turísticos, é claro que vamos e como bem você disse, o Renato é nosso convidado, acho que será bom nos revezarmos, assim, todos terão a mesma oportunidade que eu tive, e já garanto com antecedência, que foi ótimo!

Achei o comeentário que a Alessandra fez, de uma importância grandiosa, pois é assim que as pessaos de um modo geral pensam e sentem. E é necessário que todos compreendam que Acessibilidade Atitudinal, é uma questão de Atitude, é uma questão de respeito e consideração pelo outro e eu vou além ,é uma questão de Educação.

Grande abraço a todos



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